Quinta-feira, 17.06.10

A SIC nas Ilhas Selvagens

gago coutinho
SIC

Publicação: 17-06-2010 

Admirável mundo novo

Catarina Neves Jornalista

SIC acompanha grupo de cientistas durante 20 dias

Será possível aos 10 anos de idade estar completamente apaixonado pelo mar? Aos 12 decidir que quando for grande quer ser biólogo marinho? E aos 19 achar que mergulhar é muito mais interessante que continuar a descobrir o que existe à superfície, em terra? 

Para Francisco Fernandes a resposta a estas três perguntas é só uma: sim, com um enorme ponto de exclamação no fim. 

É certo que o rio Tejo o viu nascer, mas nada nem ninguém na família podia prever esta prematura e tão determinada entrega ao mar. Já menos surpreendente foi a decisão de estudar Biologia Marinha, na Universidade do Algarve. 

Francisco Fernandes entrou no curso com média de 18 valores. Um bom aluno que vê em perigo a conclusão do primeiro ano, pelo menos por agora. 
É que não se pode estar em dois locais ao mesmo tempo e Francisco passou a última semana ao largo das ilhas Selvagens, a acompanhar os trabalho de alguns dos cientistas envolvidos na missão organizada pela Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma continental. 

Foi um dos três alunos de licenciatura a bordo da caravela Vera Cruz, uma das três embarcações que participam naquela que é a maior expedição científica portuguesa de sempre. 

Para estar nas Selvagens, Francisco teve de faltar a alguns exames da faculdade, mas garante que não podia estar mais satisfeito. 

Impressionou-se com a forma como tantos cientistas se organizam, por exemplo, para fazer dois mergulhos diários, ao longo de quase um mês. Adorou mergulhar e contribuir para o retrato da biodiversidade daquela zona. “É uma experiência que talvez não volte a repetir”, diz. 

Francisco faz parte daquele grupo de jovens que respira vontade de crescer, mas lida mal com o ritmo da aprendizagem académica. Fala das algas e dos peixes como se tivesse nascido no meio deles. 

“Eu fui feito para estar no mar”, confessa e lá lhe foge mais um sorriso transparente como a água salgada que tanto lhe alimenta os dias. 

Está de regresso a Lisboa e a nossa breve conversa termina com uma frase pouco original, mas muito importante para todos os que, como Francisco, admiram o novo mundo: “sabemos mais da superfície da lua do que do fundo do mar”.

publicado por Pedro Quartin Graça às 23:58 | link do post | comentar
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