Quarta-feira, 09.03.11

O maravilhoso mundo de Liliput

Susana Fontinha e Manuela Sim-Sim estudam briófitos da Madeira

Por: Cristina Costa e Silva
Parecem falar em “briofitês”. Manuela Sim-Sim é docente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sendo doutorada em Biologia Vegetal pelo Centro de Ecologia e Biologia Vegetal, enquanto Susana Fontinha, bióloga, é directora do Parque Natutral da Madeira. As duas descobriram que há algo de interessante a dimensões reduzidas e que até existe explicação para os musgos, daquelas explicações que só as duas podem, muitas vezes, saber. As biólogas e as outras pessoas que “falam a mesma língua”, porque não e fácil decorar os nomes de coisas como Neckera Intermedia e Anthocerus Punctatus.

Se fosse feita uma frase para esta história, provavelmente seria a conhecida “Bem vindo ao maravilhoso mundo de Liliput. Sem Gulliver, é certo, mas com exploradores igualmente dedicados, porque ver o mundo onde pomos os pés e ainda por cima conhecê-lo de perto, pelos nomes e pelas formas, não é para todos. 
O mundo de Liliput, tal como o vimos, com olhos de leigos, é certo, é cheio de cor, de magia e de flores, como o da história infantil e tem como personagens, além das folhas e das flores a que nós, os leigos, chamamos musgos, duas exploradoras. Manuela Sim-Sim e Susana Fontinha, que este ano voltaram a pôr mãos à obra para dar continuidade ao trabalho iniciado há vários anos na investigação dos briófitos da Laurissilva da Madeira. 
Manuela Sim-Sim é docente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sendo doutorada em Biologia Vegetal pelo Centro de Ecologia e Biologia Vegetal, enquanto Susana Fontinha, bióloga, é directora do Parque Natutral da Madeira. As duas descobriram que há algo de interessante a dimensões reduzidas e que até existe explicação para os musgos, daquelas explicações que só as duas podem, muitas vezes, saber. As biólogas e as outras pessoas que “falam a mesma língua”, porque não e fácil decorar os nomes de coisas como Neckera Intermedia e Anthocerus Punctatus. 

Por amor à camisola

Mais uma vez, foi o navio-patrulha da Armada Portuguesa que serviu de transporte entre o Funchal e as Ilhas Selvagens. A bordo do Cuanza, onde mal havia espaço para tanta gente, as duas seguidoras de “Gulliver”, a coordenadora da Reserva, Dília Menezes e Isabel Freitas, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, além de um investigador que vai às Selvagens estudar cagarras, durante quatro semanas. Lá por baixo, estão os habituais ornitólogos que todos os anos ficam diversas semanas na Selvagem Grande, onde prosseguem os seus estudos com aquelas aves marinhas e os quatro vigilantes que vão substituir os técnicos que estão nas ilhas. Casa cheia, o que acontece, normalmente, no Verão, porque de Inverno as travessias tornam-se menos cómodas e as cagarras também não estão por aqueles lados. 
O comandante Costa Ramos adverte que a travessia não vai ser a mais famosa, mas quem está habituado a estas lides do mar já sabe que o melhor, depois do jantar, será sempre deitar-se no chão para não correr o risco de ser projectado.
Assim, depois de dois ou três dedos de conversa, que giram invariavelmente à volta da metodologia do trabalho que é escolhida, discute-se à volta da melhor forma de não enjoar. As receitas vão sendo dadas. Porque a noite, essa, aproxima-se demoradamente, porque se faz como as viagens, sem pressas, rumo ao extremo sul de Portugal. Ali, fala-se do plano de trabalhos do dia seguinte, porque o tempo, quando o sol nascer, vai ser pouco para tanta investigação, mesmo que Manuela Sim-Sim ande nisto desde 1982 e que Susana Fontinha se tenha juntado ao clube dos briólogos em 1990. 

Há mais do que parece

Enquanto a rendição do pessoal do Parque Natural da Madeira é feita, as duas exploradoras põem-se em campo. Literalmente. Porque o “Cuanza” deu duas horas para que as investigadoras conseguissem procurar os famosos “fungos” nas rochas do Pico do Veado, o ponto mais alto da ilha. 
Não encontram nada de relevante, até porque não é provável que ali se desenvolvam aquelas coisas minúsculas onde temos medo de pôr os pés, mas que as investigadoras encontram “a quilómetros”. 
A exploração do potencial de briófitos da Selvagem Pequena é feita quase a contra-relógio, se bem que as esperanças de encontrar exemplares daquelas coisas minúsculas (que dão flor e tudo), são quase ínfimas. 
Mas, afinal, o que faz duas biólogas atravessar tantas milhas náuticas, para enriquecer um estudo que, para nós, pode parecer sem explicação? 
Seguimos atentamente os passos cuidadosos de Susana e Manuela, que parecem falar um dialecto estranho quando se referem aos três grupos principais de briófitos: antóceros, hepáticas e musgos. Ficamos a saber que aquelas “árvores do mundo de Liliput” são das coisas que mais existem na terra, apesar de não lhes prestarmos nenhuma atenção no nosso dia a dia. Também soubemos, porque se não nos dissessem não imaginaríamos, sequer, que aquelas plantas não possuem sistema vascular, como vemos nas plantas maiores. 
Ouvimos atentamente as trocas de ideias e de impressões entre as duas investigadoras, mas perdemo-nos no primeiro “gametófito”, que é constitído por caulóide, com filídeos não divididos e dispostos com simetria radial. A partir dali começamos a perceber mais daquilo. Quase conseguimos dar uma aula em qualquer Universidade para explicar aos alunos que “os gametângios provêm de células superficiais da extremidade superior do caulóide e que, mais coisa menos coisa, o esporófito é terminado por uma cápsula que é elevada por uma seda antes da maturação e cuja abertura possui, na sua grande maioria, dentes envolvidos na regulação da dispersão dos esporos. Tudo capaz de ser dito a uma criança.

Cuidado com os pés

Olhamos à volta, na imensidão do planalto agora da Selvagem Grande, para onde subimos depois do almoço e percebemos que a melhor forma de fazer a digestão é estar ali a entender que há coisas que é melhor nem perguntar. Mantemo-nos longe o suficiente para vermos onde pomos os pés, para não destruirmos autênticos santuários do planeta Terra, mantemo-nos curiosos o suficiente para testemunhar o estudo dos briófitos das zonas secas da Madeira e procuramos não incomodar, quando um canivete corta a terra, recolhendo parte do pequeno mundo de Liliput. Quando Susana Fontinha e Manuela Sim-Sim levantam a lupa e a aproximam da mão em concha, quando trocam impressões em “briofitês” e quando temos a certeza de que, ao guardarem as amostras no papel é para levarem para o Jardim Botânico de Lisboa para identificação. 
No fundo, sabemos que aquela é uma parte importante da vida dos investigadores. Sabem onde encontrar os briófitos, tendencialmente nas zonas voltadas a norte, por serem mais húmidas, mas não sabem o que vão encontrar. Sabem que se descobrirem novas plantas podem ver os seus feitos publicados pela comunidade científica, para “perfilhar” a sua descoberta e sabem que isso pode fazer toda a diferença. E é isso que move estes seguidores de “Gulliver”, que não se importam que a viagem de volta à Madeira seja penosa e tenha de ser feita com o corpo estendido no chão, com ordens expressas para ninguém sair da parte coberta do navio. Mas isso é pouco importante quando no saco de plástico está a sensação do dever cumprido e a certeza de que quando se faz o que se gosta, vale a pena seguir os sonhos. Maiores, muito maiores do que o mundo de Liliput… 

Nasceu a Marinha…

Nasceu a Marinha, a cagarra mais esperada deste Verão pelos profissionais do Parque. A cria estava a ser concebida quando o almirante Chefe de Estado Maior da Armada esteve nas Ilhas Selvagens, acompanhado do Secretário Regional do Ambiente e dos Recursos Naturais. Melo Gomes e Manuel António Correia concordaram que devido ao facto de estarem a assistir a um momento único (mesmo que os interessados não estivessem a gostar muito dos curiosos), a cria que dali nascesse viria a chamar-se Marinha. 
Afinal, depois de várias semanas, foi possível ver que do ovo saíu a ave mais famosa deste Verão, mesmo antes de ter nascido, até porque as imagens, gravadas pelo Gabinete de Relações Públicas da Armada, estão disponíveis na internet na página da Marinha. Mais uma forma de publicitar a reserva Natural das Ilhas Selvagens por esse mundo fora…
 


publicado por Pedro Quartin Graça às 15:36 | link do post | comentar
Quarta-feira, 01.12.10

As cagarras das Selvagens


Cagarras revelam grande resistência
O Serviço do Parque Natural da Madeira acaba de divulgar que, segundo os cientistas que desenvolvem um projecto nas ilhas Selvagens, «a ave marinha cagarra pode ser menos vulnerável às mudanças climáticas do que outras espécies de aves marinhas migratórias (migrações de longa distância)».
Ainda segundo a informação facultada pelo Serviço do Parque Natural da Madeira, a razão desse facto tem a ver com a flexibilidade que as cagarras apresentam na escolha dos locais onde invernam.

 
publicado por Pedro Quartin Graça às 09:22 | link do post | comentar
Quarta-feira, 06.10.10

RDP ANTENA 1 Madeira - No Ano Internacional da Biodiversidade a jornalista Patrícia Cassaca leva-nos numa viagem às Ilhas Selvagens para conhecermos melhos as Cagarras

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publicado por Pedro Quartin Graça às 09:08 | link do post | comentar
Domingo, 09.05.10

As cagarras nas Ilhas Selvagens

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publicado por Pedro Quartin Graça às 18:47 | link do post | comentar
Bem-vindo ao Blog “Ilhas Selvagens”! Este é um espaço dedicado à divulgação das Ilhas Selvagens, subarquipélago da Madeira, o extremo mais a sul do território nacional. Uma janela aberta ao mundo e um retrato da zona mais desconhecida de Portugal. Entre e explore as ilhas!

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